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17 de fev. de 2011

Mistérios da Área 51


A instalação militar secreta mais famosa do planeta fica a menos de 160 quilômetros de Las Vegas, Nevada, nos EUA. Muitos rumores rondam essa base, da mesma forma que a aeronave misteriosa que gira e manobra nos céus. Apesar de ser conhecida por muitos nomes, a maioria das pessoas a chama pela designação da Comissão de Energia Atômica (AEC): Área 51.
Placas de aviso na Area 51

     Há muitas teorias sobre como a Área 51 recebeu esse nome. A mais popular é que a instalação faz fronteira com o Local de Teste de Nevada (NTS, Nevada Test Site). A AEC usou o NTS como base de teste de bombas nucleares. O NTS é mapeado como uma tela quadriculada que é numerada de 1 a 30. A Área 51, apesar de não fazer parte dessa tela, faz fronteira com a Área 15. Muitos dizem que o local recebeu o nome de Área 51 devido à transposição dos números 1 e 5 de sua vizinha. Outra teoria popular é que o número 51 foi escolhido porque ele não seria usado como parte do sistema do NTS no futuro (no caso do NTS se expandir).
      O nome inspira pensamentos de conspirações do governo, aeronaves "pretas" secretas e tecnologias alienígenas. Fatos, mitos e lendas caminham juntos de tal forma que se tornou difícil separar a realidade da ficção. O que exatamente acontece nessa instalação? Por que o governo reconheceu e negou alternativamente sua existência até a década de 90? Por que o espaço aéreo acima dela é tão restrito que mesmo aeronaves militares são proibidas de voar? E o que ela tem a ver com Roswell, no Novo México?
      

Onde fica a Área 51?

      As coordenadas da Área 51 são 37°14'36.52"N, 11°548'41.16"O. É possível visualizá-la usando o Google Earth. Basta digitar "Área 51" no campo "Fly To" e o mapa faz o resto. Por décadas, a base permaneceu oculta de quase todos, mas em 1988 um satélite soviético fotografou a base. Várias publicações adquiriram as fotos e as publicaram. O segredo da base ainda é algo extremamente importante, mas no que diz respeito à cobertura de satélite, ela não tem como se esconder.
A Area 51 vista pelo Google Earth


      Um leito de lago seco chamado Lago Groom faz fronteira com a base. A oeste está o NTS. A cidade mais próxima é Rachel, Nevada, que está a 40 quilômetros da base. A própria base ocupa somente uma fração de sua área de mais de 27 mil hectares. Ela consiste de um hangar, uma portaria, algumas antenas de radar, algumas instalações para hospedagem, uma confusa entrada, escritórios, pistas e abrigos. Os abrigos são prédios projetados para que as aeronaves possam se mover rapidamente sob a cobertura quando os satélites passam acima delas. Alguns alegam que o que pode ser visto na superfície é somente uma pequena parte da verdadeira instalação. Eles acreditam que os prédios da superfície se assentam sobre o topo de uma base subterrânea em forma de labirinto. Alguns declaram que a instalação subterrânea tem até 40 níveis que são ligados via pistas subterrâneas a outros locais em Los Alamos, White Sands e Los Angeles. Os céticos são rápidos em apontar que um projeto de construção tão imenso precisaria de uma força de trabalho enorme, exigiria a remoção de toneladas de terra - que precisariam ir para algum lugar - e haveria necessidade de uma grande quantidade de concreto e outros materiais de construção. A falta de evidência convence os céticos de que, em sua maioria, o que você vê é o que realmente existe. Já os que acreditam, por outro lado, desfazem as dúvidas dos céticos.
        Então, o que se passa nessa base? De acordo com a Força Aérea, o propósito da instalação é "o teste de tecnologias e treinamento de sistemas para operações críticas para a eficácia das forças militares dos EUA e para a segurança dos Estados Unidos." Todas as especificações quanto à instalação e os projetos em andamento de lá são confidenciais. O que se sabe é que a Força Aérea, a CIA e Lockheed usaram a base como um palco para vôos de teste de aeronaves secretas e experimentais, também conhecidas como aeronaves pretas. A base serviu como a instalação de desenvolvimento e teste para a tecnologia de ponta de aeronaves a partir do avião espião U-2 até o caça invisível F-117A.

Segurança da Área 51


      Dizer que o acesso à base é limitado é um eufemismo. A base e suas atividades são altamente confidenciais. A localização remota ajuda a manter as atividades não muito detectáveis por radares, assim como a proximidade com o NTS. Após vários confiscos de terra, a base é circundada por centenas de quilômetros de paisagem desértica vazia. A Força Aérea tem terras reservadas do uso público para ajudar a manter a base oculta de olhos curiosos. Por muitos anos, observadores podiam subir os pontos elevados privilegiados como o White Sides Peak ou Freedom Ridge, mas a Força Aérea também confiscou aquelas terras. Hoje, a única maneira de dar uma olhadinha na base (supondo que você não esteja trabalhando lá) é fazer uma extenuante caminhada até o alto do Pico Tikaboo, que fica a 41 quilômetros da instalação.
     Por muitos anos, os cartógrafos não incluíram a instalação em nenhum mapa (em inglês). Ela se localiza dentro dos limites da Nellis Air Force Range, mas a estrada que leva até a instalação nunca foi mostrada. Atualmente, o local da base é de conhecimento de todos, mas por muitos anos os oficiais esforçaram-se para ocultar sua localização.


     Todos que trabalham na Área 51, sejam militares ou civis, devem assinar um juramento concordando em manter tudo em segredo. Os prédios no local não têm janelas, evitando que as pessoas vejam qualquer coisa não relacionada às suas próprias tarefas na base. De acordo com alguns relatórios, equipes diferentes trabalhariam em projetos similares ao mesmo tempo, mas seus supervisores não permitem que suas equipes saibam sobre o projeto das outras. Quando uma aeronave secreta era testada, oficiais ordenavam que todos os funcionários não-envolvidos permanecessem dentro do prédio até que o vôo de teste tivesse terminado e a aeronave retornado ao seu hangar.

Chegando à Área 51

      A maioria das pessoas que trabalha na Área 51 viaja para lá em Boeings 737s ou 727s sem identificação. Os aviões saem do Aeroporto Internacional de McCarran em Las Vegas, localizado do outro lado da rua do Hotel e Cassino (em inglês) Luxor. A EG&G, empresa de defesa contratada, é dona do terminal. Cada avião usa a palavra "Janet" seguida por três dígitos como um sinal de chamada para a torre de controle do aeroporto.
      O espaço aéreo acima da Área 51 é conhecido como R-4808 e é restrita a todos os vôos comerciais e militares não originados da própria base (exceto os aviões Janet que transportam as pessoas que trabalham lá, é claro). A Área 51 é considerada parte da Base Edwards da Força Aérea, na Califórnia, ou da Nellis Air Force Range, em Nevada, ainda que pilotos de ambas as bases sejam proibidos de voar no espaço aéreo da Área 51. De fato, os pilotos que voam em uma das zonas neutras ao redor da R-4808 comprovadamente são punidos por seus comandantes, porém de maneira bastante tolerante. Sempre que um piloto voa através de uma zona neutra, o exercício de treinamento imediatamente cessa e o piloto recebe ordens para retornar à base. Voar conscientemente na R-4808 é uma ofensa muito mais séria e os pilotos podem enfrentar os tribunais, resultando em dispensa sem honra e período na prisão.
      Os militares classificam a Área 51 como uma Área de Operação Militar (MOA, Military Operating Area). As fronteiras da Área 51 não são cercadas, mas são marcadas com mastros cor de laranja e placas de aviso. As placas informam que tirar fotografias não é permitido e que ultrapassar a propriedade resulta em multa. As placas também sinalizam essa sóbria nota: a segurança está autorizada a usar força letal contra as pessoas que insistirem em ultrapassar os limites. Rumores circulam entre os teóricos de conspiração sobre quantos caçadores da verdade morreram como resultado de andarem ao redor da Área 51, porém, a maioria acredita que as pessoas que infringem essa regra são tratadas de maneira bem menos violenta.
      Pares de homens que não parecem ser militares patrulham o perímetro. Esses guardas provavelmente são civis contratados. Observadores os chamam de "cammo (sic) dudes" (tipos camuflados) porque eles geralmente vestem camuflagem de deserto. Os cammo dudes geralmente dirigem em volta da área com veículos de tração nas quatro rodas, olhando para todos que estejam próximos dos limites da Área 51. Supostamente, suas instruções são evitar contato com intrusos, se possível, e agir meramente como observadores e dissuadores. Se alguém parecer suspeito, os cammo dudes ligam para o xerife local para que ele cuide do suspeito. Esporadicamente, os cammo dudes se confrontam com invasores, supostamente apreendendo qualquer filme ou outro dispositivo de gravação e intimidando-os. Às vezes, helicópteros dão apoio adicional. Há rumores de que os pilotos de helicóptero ocasionalmente usam táticas ilegais como sobrevoar bem baixo sobre os invasores para intimidá-los.
      Outras medidas de segurança incluem sensores fincados ao redor do perímetro da base. Esses sensores detectam movimento e alguns acreditam que eles podem até discernir entre um animal e um ser humano. Como a Área 51 é efetivamente uma área de preservação de vida selvagem, era importante criar dispositivos de aviso que não pudessem ser facilmente enganados por um animal de passagem. Uma teoria sustentada pelos observadores é que os sensores podem detectar o odor da criatura que está passando (os sensores detectam uma assinatura de amônia). Ainda que isso precise de embasamento, é fato que existem sensores enterrados ao redor da Área 51. Chuck Clark, um morador de Rachel, descobriu vários sensores, e em um certo ponto a Força Aérea o acusou de interferir com dispositivos de sinais e ordenou que ele devolvesse um sensor que estava faltando ou pagasse uma multa. Clark aparentemente cumpriu a ordem.

Aeronaves da Área 51

u-2 spy plane







Avião espião U-2 Lady
Dragon de Lockheed

   A Área 51 tem seu próprio estoque de projetos de aeronaves secretas. O propósito original da Área 51 era ser uma instalação de testes para o avião espião U-2 de Lockheed. Lockheed colocou Kelly Johnson no comando da criação de uma base de operações para instalações de teste e treinamento. Aqui estão alguns dos projetos conhecidos e suspeitos da Área 51.


      O avião espião U-2 é um projeto confirmado da Área 51. Lockheed trabalhou com a CIA para desenvolver um avião que pudesse voar a uma alta altitude e espionar outras nações. O U-2 poderia voar a altitudes de 21.280 metros e foi eficaz em missões de reconhecimento por muitos anos. Durante o desenvolvimento do U-2, a CIA e a Lockheed perceberam que precisariam logo de mais aeronaves avançadas porque a tecnologia de mísseis da União Soviética estava se desenvolvendo rapidamente. Em 1960, a União Soviética abateu um U-2, confirmando essa preocupação.
    Engenheiros projetaram um avião chamado Suntan para ser o sucessor do U-2. Ele poderia voar a velocidades de até mach 2.5 (quase 3.200 quilômetros por hora). O Suntan usava hidrogênio líquido como combustível, o que representou seu declínio final. Engenheiros decidiram que seria muito caro criar uma infra-estrutura de combustível para suportar os vôos do Suntan, e o governo cancelou o projeto.
     O A-12, que posteriormente ficou conhecido como o SR-71 "Blackbird", se tornou o atual sucessor do U-2. O A-12 era um modelo-protótipo que gradualmente evoluiu para o SR-71. Esses aviões poderiam voar até mach 3 (3700 quilômetros por hora) e poderiam alcançar altitudes de 27.360 quilômetros.
blackbird
      O Tacit Blue e o Have Blue foram as primeiras tentativas bem sucedidas de criar a aeronave invisível. O Tacit Blue tinha um formato estranho, parecido com uma baleia, o que inspirou os observadores a chamá-lo de "Shamu". Ele foi projetado para voar baixo sobre operações de campo como um veículo de reconhecimento. O Have Blue foi um protótipo para ocaça invisível F117-A. O Have Blue chegou pela primeira vez na Área 51 em 1977. O caça invisível permanece como um segredo até a Força Aérea oficialmente  revelá-lo ao público, em 1990.

Área 51 e alienígenas


    Algumas pessoas acreditam que uma aeronave alienígena colidiu em Roswell, Novo México, e que o governo enviou os escombros e um corpo para a Área 51 para exames e estudo. Alguns vão até mais longe, declarando que a instalação tem níveis subterrâneos e túneis que a conectam a outros locais secretos, e que ela contém depósitos cheios de tecnologia alienígena e até mesmo espécies alienígenas. Alguns teorizam que os alienígenas são, de fato, os que estão no comando e que seu real objetivo é criar um híbrido de ser humano-alienígena (os alienígenas parecem ter perdido a capacidade de se reproduzirem). As histórias escalam os alienígenas para papéis que vão desde visitantes benevolentes a soberanos do mal que subsistem de uma pasta feita de pedaços humanos espremidos. Representantes da Força Aérea negaram publicamente que alienígenas tivessem alguma coisa a ver com a Área 51, mas isso parece ter somente intensificado as sugestões mais delirantes dos teóricos de conspirações.
     Vinte e quatro de junho de 1947 foi o dia em que o termo "disco voador" entrou para o vocabulário americano. Esse foi o dia em que Kenneth Arnold relatou ter visto um OVNI enquanto pilotava seu avião particular sobre o estado de Washington. Ele disse que o objeto voava como se fosse um pires flutuando na água, e o disco voador nasceu. No dia 8 de julho de 1947, a Base Aérea de Roswell emitiu um comunicado à imprensa escrito pelo General William "Butch" Blanchard, declarando que eles haviam recuperado os restos de um objeto voador não-identificado. O Exército rapidamente retirou a declaração, mas não antes que ela corresse por vários jornais. De acordo com o Exército, aquilo não era de forma alguma um disco voador, mas um balão meteorológico. Anos mais tarde, documentos não confidenciais disseram que o objeto recolhido em Roswell era, de fato, um balão criado para um programa de vigilância chamado Projeto Mogul. A história do balão meteorológico era um acobertamento para esse projeto secreto. É claro que as pessoas que acreditam em OVNIs dizem que a história do balão espião também é uma farsa, e que o Exército realmente recolheu um aeronave alienígena. Mais detalhes no Caso Roswell.

Engenharia reversa na Área 51


    Em 1987, um homem chamado Robert Lazar chocou o mundo quando apareceu na televisão e declarou que tinha participado de uma operação que trabalhava com tecnologia alienígena. Robert Lazar disse que o governo possuía pelo menos nove espaçonaves alienígenas em uma base chamada S-4, que não fica distante do Lago Groom. A instalação tinha até pôsteres mostrando um OVNI levitando muitos metros acima do solo com a legenda "Eles estão aqui!".  A EG&G o havia contratado para ajudar a reverter a tecnologia na espaçonave alienígena para que ela fosse utilizada em veículos militares norte-americanos e na produção de energia. Ele descobriu uma substância espessa e desbotada que chamou de "Elemento 115", que impulsionava a espaçonave alienígena. Céticos investigaram o mais profundamente possível as declarações de Lazar, e muitas delas pareceram ser falsas. Por exemplo, Lazar diz que possui Mestrado em CalTech e MIT, mas não há evidência de que ele nem ao menos freqüentou alguma dessas universidades. Lazar diz que isso se deve ao fato de o governo estar ativamente tentando apagar sua existência para desacreditá-lo. Os céticos acreditam que Lazar simplesmente está inventando a história toda, e indicam que é uma tarefa monumental apagar a identidade de alguém: seria necessário remover o nome de Lazar de tudo, de documentos oficiais aos anuários escolares. Mesmo assim, as declarações de Lazar inspiraram uma explosão de interesse em OVNIs e na Área 51.
      Uma alegação popular entre os que crêem em Lazar é que muito da tecnologia atual resulta do uso de engenharia reversa de espaçonave alienígena. Tudo, desde rádios a supercondutores, se encaixaria nessa categoria. Eles argumentam que as pessoas sozinhas não conseguiriam desenvolver essas tecnologias tão rapidamente sem um modelo alienígena. Alguns alegam que os pilotos na Área 51 estão usando tecnologia alienígena contra os próprios alienígenas, abatendo-os para que outras equipes militares possam recolher as peças.


Foi feito um documentário sobre a Area 51, você pode vê-lo aqui:







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